Manual de Lutheria .pdf
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Título: MANUAL LUTHERIA
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www.oela.org.br
Ficha catalográfica elaborada por Maria Carmolinda Marques
da Silveira Mourão CRB-11/049
G633m
Gomes, Rubens
Manual de Lutheria: curso básico / Rubens Gomes,
Raul Lage, Arminda Mourão - Manaus: UNICEF, 2004.
48 p. Il.;
Manual.
1. Ensino profissional 2. Educação de adolecentes
I. Lage, Raul II. Mour’ao, Arminda III.T[itulo.
CDU (1997): 37.035.3
CDD (17.ed.): 371.425
PREFÁCIO
O início do apoio do UNICEF à Oficina Escola de Lutheria da
Amazônia data do ano de 2000. Com recursos doados por
cidadãos e cidadãs brasileiros - arrecadados pelo Programa
Criança Esperança, que é organizado e veiculado anualmente
pela Rede Globo de Televisão - temos financiado diferentes
atividades da OELA. Com o melhor de nossa capacidade técnica,
temos tentado contribuir para o bom andamento de seus
trabalhos. O lançamento desta cartilha, que de algum modo
vem coroar seis anos de intensas atividades, nos abre espaço
para algumas reflexões.
Acreditamos que este Manual de Lutheria irá interessar a públicos
bem distintos. Interessará àqueles e àquelas que pensam e
trabalham pelo Desenvolvimento Sustentável da Amazônia e pela
preservação de suas florestas. Interessará aos músicos, aos
amantes da música, àqueles que se interessam pela cultura e
àqueles que gostam de trabalhar com as mãos e valorizam a
industria artesanal. Interessará a todos que se preocupam com
a formação profissional dos adolescentes brasileiros, sobretudo
daqueles que tendem a procurar atividades produtivas e
geradoras de renda antes mesmo de completar 18 anos. E
interessará também a todos àqueles que sonham com um Brasil
que respeita os direitos e a cidadania de todas suas crianças,
sejam elas meninos ou meninas, com deficiência ou não, pobres
ou ricos, negros, índios ou brancos, no norte ou do sul, da cidade
ou do campo.
A idéia central da OELA chama a atenção por sua originalidade:
trata-se de ensinar crianças e adolescentes de famílias de baixa
renda a produzir artesanalmente instrumentos musicais de alta
qualidade, aproveitando resíduos de madeira nobre retirada das
florestas da Amazônia Brasileira. Mas, a nosso ver, essa idéia não
se destaca exclusivamente por sua poesia e originalidade. Instiga,
sobretudo, por simbolizar e sintetizar uma proposta consistente
de desenvolvimento social, ambiental e econômico sustentável
para a Região Norte do país.
Para a equipe responsável pela OELA e também para o UNICEF,
o Desenvolvimento Sustentável está diretamente vinculado ao
Desenvolvimento Humano e Social de todos os que vivem na
região. Sabemos que o futuro e o presente das crianças e
adolescentes da Amazônia depende diretamente do presente e
do futuro de seu patrimônio natural. Entendemos que é
necessário garantir desde já os direitos dessas crianças e
adolescentes, além de prepará-los e formá-los devidamente para
que possam e saibam, amanhã, trabalhar, produzir, ser felizes e
gerar riquezas, sem comprometer ainda mais os ameaçados
eco-sistemas da região.
Vinculando-se a esta iniciativa, o UNICEF deseja potenciá-la,
estimulando, o debate, a formulação e a implementação de
políticas públicas de formação profissional para adolescentes de
baixa renda, que contemplem a necessidade de um
desenvolvimento econômico sustentado e adequado à gestão dos
recursos naturais da Amazônia. O que esperamos é que, desta
forma, possamos estar contribuindo para que o trabalho da OELA,
além de garantir um presente e um futuro melhores para os
meninos e meninas que já passaram pela Oficina Escola de
Lutheria, possa gerar benefícios para a todas as crianças
e adolescentes da Amazônia.
Jacques Schwarzstein
Escritório Zonal de Belém
UNICEF Brasil
INTRODUÇÃO
O Projeto político-pedagógico que vem sendo construído pela OELA
é fruto de uma profunda reflexão sobre as finalidades da escola,
explicitando claramente o seu papel social. Como é um processo em
construção, é produto de reflexão e investigação.
O projeto político-pedagógico é um instrumento que busca ações
que fortaleçam um trabalho integrado e sistematizado que visa não
só profissionalizar os jovens envolvidos no processo, mas, sobretudo,
busca criar uma consciência cidadã.Para isso a OELA orienta-se pelos
seguintes pressupostos:
a) o desenvolvimento sustentável é possível; b) a adolescência é uma
construção social; c) as ações de formação devem contribuir para a
transformação sócio-cultural e política; d) busca de novas atitudes,
aspirações e modos de relação das
pessoas com elas mesmas, com
os outros e com o planeta é fundamental para a construção da
cidadania; e) uma vida digna para todos exige a reinvenção do mundo
do trabalho e do papel que têm as iniciativas e os movimentos sociais
que interferem na organização do cotidiano e no atendimento das
necessidades das pessoas.
Nesta perspectiva, este manual é fruto de um trabalho coletivo
efetivado pelos integrantes da escola. Dela participaram o Luthier
responsável por este belo projeto, Rubens Gomes, além dos
monitores que dão vida à escola. Tem como principal objetivo
subsidiar trabalhos futuros, socializando uma experiência tão rica
como a desenvolvida pela Oficina Escola de Lutheria da Amazônia.
Ao profissionalizar, a OELA contribui para forjar cidadãos que
podem contribuir para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Prof.ª Dr.ª Arminda Mourão
Pedagoga
06
07
Evolução do Violão
No século XIX, o Luthier espanhol Antonio de Torres Jurado
(1817 - 1892), fez as transformações que servem como padrão
até hoje, para o violão.
Sendo as mais importantes:
Design de nova silhueta;
Aumento da superfície vibrante do Tampo;
Reforço da potência sonora;
Aplicação sistema dos harmônicos em distribuição e posição
de leques harmônicos.
Aumento da quantidade de trastes até 19, pois anteriormente
só usavam 12;
Aumentou o tamanho da corda pulsante de 648 mm para
650 mm (padrão);
Transformou o cavalete, agregando ao rastilho facilitando a
transmissão da vibração das cordas do Tampo;
Desenho das tarraxas mecânicas.
Antes de Antonio Torres, na segunda metade do século XVI, o
poeta e músico espanhol Vicente Martinez Espinel, agregou a
quinta corda e criou o sistema de afinação que utilizamos até
hoje.
Depois no ano 1760, século XVIII, foi agregado a sexta corda
pelo Frei Miguel Garcia, conhecido como o Padre Basílio, sendo
também o primeiro músico a compor para o violão, nos moldes
atuais.
08
Cuidados iniciais
O ambiente de trabalho e estudo
Um local de estudo e trabalho apropriado é uma das condições
necessárias para o bom resultado da atividade de Lutheria.
O aluno (a) precisa de uma pequena área organizada, o que faz
com que o trabalho evolua rápido e racionalmente.
Seja qual for o espaço, algumas condições são imprescindíveis
tais como:
Ambiente seco
Todas as preparações para a confecção ou a restauração dos
instrumentos musicais devem seguir critérios rígidos no aspecto
de secagem:
As atividades de lutheria devem ser realizadas somente em
lugares secos. A madeira é uma matéria higroscópica, e as
ferramentas sofrem igualmente em umidade constante.
Área de trabalho
A disposição sistemática das ferramentas e depósitos de outros
materiais de trabalho em estantes abertas, economiza espaço e
contribui para a evolução racional do trabalho.
Arejamento
O local deve ser necessariamente arejado, em virtude do
desprendimento de pó da madeira e vapores dos vernizes,
que se desprendem em grande quantidade em decorrência das
atividades.
09
Iluminação
Afiação de ferramentas
O local tem que ser bem iluminado. No teto sobre o local de
trabalho deve ser instalada uma lâmpada florescente e um ponto
de luz giratório para iluminação direta em trabalhos minuciosos.
Todas as ferramentas cortantes precisam ser afiadas regularmente.
O processo de afiar um formão ou uma raspadeira deve ser
efetuado em intervalos pequenos, e isto se faz durante o uso.
FERRAMENTAS
Formão
Identificação das ferramentas
Este processo consiste em fazer o aluno (a) a conhecer as
diversas ferramentas utilizadas na atividade de Lutheria.
Cuidados com as ferramentas
As ferramentas devem ser guardadas em local seco, pois elas
enferrujam com a umidade e perdem rapidamente o corte e sua
capacidade de resistência.
As ferramentas também não devem ser utilizadas para uma
finalidade a qual não foram destinadas.
Limpar as ferramentas após o uso e não esquecer de adicionar
uma gota de óleo onde for necessário (lubrificação).
As ferramentas que umedecerem devem ser secadas
imediatamente e os vestígios de ferrugem retirados com
querosene.
As ferramentas devem ser guardadas penduradas em estantes
abertas.
Uma arrumação feita com clareza facilita a evolução do trabalho.
Quando guardadas em gavetas, alguns cuidados devem ser
tomados para que as ferramentas não percam o corte
exemplo: o formão não pode ser colocado ao lado da grosa pois
o atrito faz com que sem corte.
10
O formão é afiado usando-se uma pedra de amolar úmida ou a
óleo, mas, tenha cuidado para não passar óleo para a madeira,
pois isto dificultará o processo de colagem das peças.
Primeiro amola-se o lado espelhado, colocando-o em sentido
plano sobre a pedra e esfregando-se o formão sobre a mesma,
com movimentos circulares. Em seguida afia-se alternadamente
com movimento reto, em sentido contrário ao do ferro, o lado
chanfrado e o lado espelhado.
Raspilho
Com uma lima plana, afiar o corte de uma raspadeira retangular,
deixando a mesma com as arestas vivas.
Para isso deve-se fixar a lâmina em pé, usando de preferência
uma prensa (morsa), de modo que sobressaia uma terça parte
de sua superfície.
Em seguida, as bordas são afiadas com precisão sobre a pedra
de amolar que deve estar umedecida.
É importante que isto ocorra exatamente em ângulo de 45°.
Para isso coloca-se a lâmina ao longo de um pedaço de madeira
apoiado sobre a pedra de amolar.
Feito isto, retifica-se então as bordas com um amolador de facas,
triângulo ou dorso de uma goiva para se conseguir rebarba
delicada, que forma o corte de lâmina.
11
Além disso, pode-se colocar a raspadeira sobre o tampo de uma
mesa, com o lado do corte sobressaindo um pouco, passando
em seguida o amolador uma vez com forte pressão sobre a face
da lâmina.
MADEIRA
Identificação da Madeira
A madeira e um material que apresenta características individuais.
É infinitamente variável em cor, textura, figura e grã.
No interior de um tronco se distingui diversas camadas
estruturadas.
O cerne representa a parte mais dura do tronco de uma árvore
e é a que se usa na construção de instrumentos. O alburno é a
camada externa do tronco, que tem a função de canalizar a água
e absorver o alimento da arvore.
As espécies de árvores que produzem madeira para a construção
de instrumentos são divididas em dois grupos:
A Amazônia com seu potencial na diversidade de suas espécies,
tem apresentado através de pesquisas realizadas pelo INPA e
LPF/IBAMA, resultados extremamente satisfatórios para a
inclusão da Lutheria na região, como uma atividade de alto valor
agregado e que promove em sua plenitude o uso racional dos
recursos florestais.
As madeiras tradicionalmente utilizadas para a confecção dos
instrumentos de cordas dedilhadas, como o violão, cavaquinho,
viola caipira e o bandolim, são; para o tampo, barras harmônicas
e os leques, o abeto europeu, mais conhecido como pinho
(Picea abies), para o fundo e as laterais, é o jacarandá da
Bahia (Dalbergia nigra), para o braço, contra faixa e culatra,
são o cedro (Cedrela odorata) e o mogno ( Swietenia
macrophylla), e para a escala a mais utilizada é o ébano.
A pesquisa que buscou identificar espécies Amazônicas para a
confecção de instrumentos musicais de corda dedilhada, através
de análise comparativa das características e propriedades físico,
mecânica e acústica.
a) Madeiras duras: (leguminosas) árvores que crescem mais
lentamente; e são utilizadas para a construção dos fundos e
laterais dos violões.
b) Madeiras moles: (coníferas) árvores que crescem mais
rapidamente, e são utilizadas para a construção dos tampos
dos violões.
12
13
Quadro i
Características e propriedades das espécies
Espécies madeireiras tradicionais e amazônicas e suas aplicações na lutheria.
ESPECIES TRADICIONAIS
Aplicação
Tampo
Nome cientifico
ESPECIES AMAZÔNICAS
Nome vulgar
Nome vulgar
Marupá
Tampo
Cordia goeldiana
Freijó
Tampo
Pachira spp.
Munguba grande
Tampo
Schefflera morototoni
Morototó
Dalbergia spruceana
Jacarandá do pará
Platymiscium ulei
Macacaúba
Fundo/lateral
Dalbergia nigra
Abeto europeu
Nome cientifico
Simaruba amara
Picea abies
Jacarandá da Bahia
Fundo/lateral
Braço
Swietenia macrophylla
Mogno
Braço
Escala
Os critérios que devem ser adotados na seleção das espécies
Amazônicas devem seguir os parâmetros descritos abaixo:
Brosimum rubescens
Pau rainha
Astronium lecointei
Muiracatiara
Aniba canellila
Preciosa
Piptadenia suaveolens
Faveira folha fina
Cassia scleroxylon
Muirapixuna
Swartzia leptopetala
Gombeira
Swartzia laxiflora
Coração de negro
Cedrela odorata
Cedro
Bixa arborea
Urucú da mata
Protium spp.
Ébano
14
Determinação das características gerais
Os cuidados que devem ser observados na escolha das madeiras
para lutheria, devem obedecer alguns critérios, primeiro por
tratar-se de uma atividade altamente conservadora, tanto os
consumidores finais, os luthiers e principalmente os músicos.
Para cada componentes dos instrumentos musicais é necessário
que haja combinações específicas destas características. Para o
tampo devem-se usar espécies de cor clara, fundos e laterais,
espécies de cor marrom escuro e para a escala ou espelho
deve-se usar espécies de cor preta.
Breu branco
Swartzia leptopetala
Gombeira
Swartzia laxiflora
Coração de negro
Aniba canellila
Preciosa
Dalbergia spruceana
Jacarandá do pará
Cassia scleroxylon
Muirapixuna
Ocotea fragantissima
Características anatômicas em geral (cor, grã, textura e figura)
Propriedades físicas (densidades da madeira e contração)
Propriedades mecânicas (módulos de ruptura e elasticidade na
flexão estática, compressões paralelas e perpendiculares à grã,
cisalhamento e dureza).
Louro preto
Cor:
A escolha da cor terá que levar em conta algumas exigências já
consagradas pela tradição, por exemplo, o tampo dos
instrumentos deve ser confeccionado com madeira de cor clara,
as laterais e o fundo de madeira de cor marrom escuro e a escala
com madeira de cor preta.
15
Figura:
Determinação das propriedades físicas
A madeira para instrumentos musicais de cordas dedilhadas deve
ser perfeitamente quartelada, o que significa dizer que a figura
aparece sobre a superfície radial. A madeira quarteada
geralmente apresenta uma quantidade considerável do tecido
dos raios, que é em grande parte responsável pelo valor
decorativo e acústico da madeira.
A densidade física é uma propriedade de grande importância por
causa da sua relação direta com outras propriedades como, por
exemplo, a resistência mecânica.
Na confecção dos componentes dos instrumentos musicais se
devem observar as diferentes densidades básicas das espécies.
Por exemplo, o peso específico de uma madeira para o tampo
deve ser menor do que aquela usada para o fundo/ lateral.
Textura:
As diferenças no aparecimento dos anéis de crescimento, que
resultam das variações em tamanho e uniformidade das
dimensões das células, constituem a textura da madeira.
A maioria de espécies Amazônicas apresenta muitos poros
grossos, com poros grossos de diâmetros acima de 300 micron
e parênquima abundante visível a olho nu, o que dificulta o
processo de fino acabamento.
Grã:
A grã se relaciona às direções gerais das fibras e outros elementos
da madeira, podendo ser definida como: direita, espiralada,
reversa, ondulada e torcida. Para lutheria devem-se utilizar as
madeiras que apresentam grão direita, o que possibilitara um
enorme ganho na trabalhabilidade e nas propriedades acústica
das espécies.
16
Construindo o instrumento
A madeira utilizada na fabricação
de violões na OELA.
Para cada parte do violão é utilizada uma espécie de madeira.
Tampo = Marupá
Fundo e Lateral = Pau-rainha e Tauari
Escala e Cavalete = Preciosa
Braço = Breu-branco
Em todas as etapas de fabricação, a madeira recebe uns
tratamentos especiais, ficando em ambiente fechado
desumidificado para que o produto final saia com qualidade.
17
I - Desdobramento
II - Confecção de Tampo
Faça o corte da madeira em radial (veios longitudinal), para maior
resistência e melhor condução da vibração, veja figuras 1, 2, 3.
O Tampo é a parte mais importante do violão, por ele, transmite
as vibrações das cordas, através do cavalete. Ao vibrar, provoca
o movimento do ar contido na caixa de ressonância.
O Tampo é construído por duas peças continuas de madeira,
medindo, 550mm de comprimento, por 200 mm de largura e por
0,4 mm de espessura, veja figuras 4 e 5.
Uma vez unidas as duas peças, desenhe por meio de um molde
a silhueta do violão. Efetue o corte com uma serra tico-tico ou
manua, veja figura 6.
1
Corte
radial
4
5
2
Veios e raios
identicos ao máximo possível
6
3
Desdobro da
madeira
18
19
Após o corte da silhueta, calibre o tampo para 3.5 mm.
O passo seguinte, é a incrustar da marchetaria (roseta ou
mosaico).
Para definir o centro da boca do Violão Clássico, divida a linha
central do Tampo em 3 partes, usando o primeiro terço superior,
veja figura 7. Cortador circular, veja figura 8.
Para efetuar o corte no tampo para incrustar a roseta, utilize
um cortador circular, veja figura 8 A.
8A
Cortador circular
7
Limite da
marchetaria
Largura da
escala
8
Presilha controladora
de grau
Lâmina
de aço
Ponta da
lâmina
Pino do
compasso
Raio
Pino do
compasso
Lâmina
cortante
20
21
Para o primeiro corte (interno), regule o cortador circular com
51 mm. O segundo corte (externo), regule o cortador circular
com 63 mm de abertura, veja figura 9.
Após os dois cortes iniciais, efetuem vários outros cortes entre
eles, para facilitar a retirada da madeira. Para esta operação,
utilize um pequeno formão, veja figura 10.
9
As funções principais da Roseta, são: (i) estrutural; reforçar
os terminais dos veios ao redor da boca do instrumento, evitando
que o tampo venha a rachar, (ii) decorativo, e também, se usa
como meio de personificar o luthier pelo seu desenho e estética.
No caso da OELA o projeto foi baseado, a cúpula do Teatro
Amazonas, veja figura 11.
51mm
11
63mm
Largura da
escala
10
Centro
Formão
Montagem
repetida
22
23
Após a retirada do excesso de madeira entre os dois cortes
iniciais, encrave as fatias dos blocos do desenho central da
roseta. Aguarde 24 horas para uma colagem perfeita.
Para incrustação das bordas, inferior e superior da roseta
(5 mm cada), veja figura 12.
Incrustada a roseta, calibre o tampo com lixa grão 120 até 240,
até a espessura de 3 mm. Após o acabamento, efetue o traçado
dos leques e barras harmônicas, veja figuras 13 e 14.
13
12
Barra com 14mm de
altutra sem angulo
Leque
formato
lateral
Reforço da boca
Barra com 12mm de
com angulo de raio
aproximado de 4m
Divisão por 8 com
desconto nas bordas
de 10mm
Leques com este
formato
Largura da
escala
14
8mm
Boca do violão
Fim da marchetaria
Inicio da borda
Fim da marchetaria
Inicio da marchetaria
No radial
24
25
4mm
Efetue o corte da circunferência da boca do violão, com 86 mm;
Veja figura 15.
O detalhe de confecção de reforço da boca, e dos leques
harmônicos. Veja as figuras 16, 17, 18.
Cole os leques e barras harmônicas e reforço da boca, após
24 horas de cura da cola, efetue acabamento com as lixa
de grão 280, 320, veja figuras 19, 20, 21,22.
20
19
15
16
Reforço
21
Cunha
100mm
3mm
20mm
17
8mm
22
4mm
No radial
Leque
harmônico
18
30mm
8mm
Rebaixamento a partir
da linha central
26
27
Veja as figuras, 25,26,27,28.
III - Braço
25
O Braço do violão requer uma madeira de grande estabilidade
dimensional, de media densidade. O braço é composto pela voluta
(cabeça) e o salto, veja figura 23.
23
14º Ângulo
26
27
Para sua confecção, utilize uma peça de madeira com o corte
radial, nas seguintes medidas: 600mm x 80 mm x 20 mm.
veja figura 24.
28
24
14º Ângulo
20mm
329mm
80mm
29
200mm
600mm
28
29
Em uma peça de madeira medindo 140 mm x 80 mm x 50 m,
molde e corte a forma do salto, veja figura 30.
Colado ao braço, efetue um corte para encaixe das laterais.
As laterais são presas a esse corte com a ajuda de duas cunhas,
veja figura 32,33,34,35,36.
30
Salto bruto
32
33
34
4mm
2mm
Faça o alinhamento do salto com o braço e cole prensando com
grampos de marceneiro (sargentos), por um período de 24 horas,
para a cura da cola, veja figura 31.
10mm
Pressão
31
2mm
10mm
5mm
35
36
20mm
2mm
5mm
329mm
30
31
2mm
5mm
Esculpir o salto utilize um formão bem afiado, veja as figuras 37,
38,39,40,41,42.
37
40
38
Matriz do salto
30mm
41
20mm
39
Raio de
43mm
42
Limite do Ângulo
32
33
Siga a ordem das figuras 44,45,46,47,48,49,50,51.
IV - Voluta (cabeça)
Cole uma lamina, com as seguintes medidas; 200mm de
comprimento, por 80 mm de largura e por 2 mm espessura, da
mesma espécie da madeira utilizada no fundo e nas laterais,
sobre a frente da voluta. Após a secagem da cola, desenhe o
formato desejado.
O desenho da voluta é o médio de identificação visual do luthier.
Para construção da voluta, veja as figuras 43.
45
46
47
15mm
35mm
35mm
43
36mm
Pestana
7mm
25mm
Voluta
53mm
49
76mm
48
14mm
34
35
V - Fundo do violão
50
Pestana
51
A função do fundo do violão e refletir o som produzido pelo
tampo, e é construído com uma espécie de madeira mais densa.
Para a construção do fundo, serão necessárias duas peças de
madeira, com corte radial, na seguinte medidas; 550 mm de
comprimento, por 200 mm de largura por 0,4 mm de espessura,
veja figura 5. (madeira para o tampo).
O processo do preparo para a colagem das peças que compõem
o fundo, e o mesmo do tampo, e deve ser colado com um filete
ao centro, composto de uma lamina de madeira branca, de menor
densidade, para garantir uma boa colagem.
Aplique um reforço central na junta (área colada), observando
os veios da madeira do reforço no sentido perpendicular aos veios
da madeira do fundo, e deve ter; 15 mm largura e 2 mm de
espessura, cole até 5 mm antes do salto e 5mm antes da culatra.
Para garantir a rigidez necessária aplique 3 travessas ou barras
transversais, veja figuras 52.53.
52
Lâminado
claro
15mm de largura
2mm de espessura
Travessa
Travessa
36
37
53
Após o processo de colagem, por meio de um gabarito, efetue o
desenho da silhueta do fundo do violão, e corte com uma serra
tico- tico.
Calibre a peça do fundo, deixando a 2 mm, utilizando um
calibrador com lixas grão 80, 100, 120, 150, ou raspilho.
Para dobrar as laterais, umedeça levemente as peças e aqueça
em um forninho com resistência elétrica, até 98 graus. Por meio
de um gabarito, modele ate o ponto desejado, veja figura 55 e 56.
55
Forno
ferro com resistência
na parte interna
56
VI - Laterais
É a parte que define a silhueta e une o tampo com o fundo e o
braço do instrumento, fechando a caixa de ressonância.
A madeira da lateral é a mesma utilizada para a confecção do
fundo, e observe, sempre com o corte radial, veja figura 5.
Uma vez fatiado em serra de fita ou circular, faz-se uma seleção
por pares de corte e com veios iguais. Calibre com lixa de grão
80, 100, 120, 150 e no acabamento final com grão de 180, 220
e 240. Ficando com uma espessura de 1,8 a 2,0 mm, dependendo
da densidade da madeira utilizada, veja figura 54.
VII - Culatra
Peça de madeira de baixa densidade, que reforça a união do
tampo, fundo e laterais, veja figura 57.
54
57
96mm
91mm
760mm
91mm
Parte da culatra
Parte salto
98mm
38
60mm
39
VIII - Escala
60
É confeccionada por uma espécie de madeira densa e escura, e
é colada sobre a frente do braço até a boca do instrumento. Sua
função é receber os 19 trastes, necessários para um violão,
distribuídos mediante cálculos matemático, para garantir a
afinação do instrumento, veja figura 58.
12º traste
62mm
53mm
Angulo
da boca 42,5mm raio
61
58
12º traste
Pestana
12º traste
Deve ser respeitadas sua forma e dimensão, veja figura 59,60,61.
59
Pestana
de 4mm
12º traste
325mm
8mm
7mm de
espessura
40
41
Linha
paralela
Para determinar a distância de um traste a outro, utilize esta
formula matemática 12 2 = 1.059463 ao que nomearemos
Fator K de proporcionalidade.
Exemplo: calculo da escala de um Violão Clássico 650mm.
Comprimento de corda pulsante = 650 mm
Fator K = 1.059463
= 613,51835
650 - 613,51835
=
36,48 1º traste
613,51835/1.059463
=
579,08426
613,51835 - 579,08426 =
34,43 2º traste
579,08426/1.059463
546,5828
=
579,08426 - 546,5828 =
32,50 3º traste
546,5828/1.059463
=
515,9055
546,5828 - 515,9055
=
30,67 4º traste
IX - Cavalete
Peça de madeira, confeccionada da mesma espécie e densidade
da escala e com corte radial.
É a peça do instrumento que sustenta as cordas, suportando
grande tensão, aproximadamente 40 kg.
Além de sustentar as cordas, tem a função de transmitir através
do rastilho, feito de osso de canela de boi, a vibração das cordas
para o tampo e conseqüentemente para a caixa de ressonância.
As seqüências de sua construção, veja as figuras 62,63,64,65,66,
67,68.
62
10mm
30mm
180mm
E assim sucessivamente, até o 19 traste.
63
80mm
50mm
42
43
64
67 Vista lateral
12mm
Rastilho
5mm
Rastilho
Base
Abas
65
Bloco Cordal
Espessura da
marchetaria
68
Centro
27,5mm
55mm
Posição dos furos
11mm
Exemplo de marchetaria sobre o bloco cordal
A base inferior do cavalete tem que estar plana, sem defeito, para uma colagem perfeita.
66
44
45
Prepare as Peças
Com as laminas, prepare os filetes, veja figura 73.
X - marchetaria
Para montar uma marchetaria e preciso laminas de madeira com
cores distintas de acordo com suas idéias. As laminas são de 0,5
ou 0,7 mm de espessura, veja figuras 69 e 70.
69
73
70
Marfim
Preciosa
É preciso ter cuidado, as laminas são frágeis. Faça um projeto
de desenho desejado, veja figura 71,72.
Através do projeto, podemos saber a quantidade exata de laminas,
veja figura 74. Junte as laminas formando as fileiras 1, 2, 3 e
assim até a ultima fileira, veja figuras 74 e 75.
74
71
75
Papel milimetrado
72
Borda
da roseta
Núcleo da roseta
(marchetaria)
Tiras da lamina
de madeira
46
47
Para colá-las não é preciso impor muita pressão, para evitar que
desfaça o desenho desejado. Os tacos de pressão, podem ser
fixados com pregos, veja figura 76.
Esse é o ângulo em que deve ser colado o bloco de marchetaria,
prepare uma base com esse ângulo, onde será colado o bloco,
veja figuras 77, 78,79.
Prego
76
77
Tampa
Base para suporte
Tacos
para pressão
Largura do projeto 11,25mm
Após o processo de colagem, espere 24 horas, para a cura da
cola. Logo após, quando as peças estiverem secas, calibrar com
0,7 mm, para que cada tira se torne um quadrado. Depois, é só
juntar os filetes com base no projeto.
78
Peças
soltas
Pressão
Bloco Final
A Roseta é colada com um raio de curva.
Para chegar a esse raio inicial some:
Pressão com
corda em volta
Base
pregada
Raio da boca = 43 mm
Raio da borda da boca = 2mm de espessura;
Espessura da borda da marchetaria = 5 mm = 51 mm
de raio
48
49
79
Após 24 horas de espera para cura da cola, fatie na transversal
o bloco com 2 mm de espessura. Faça uma forma que encaixe
o bloco enquanto você corta, veja figura 80.
80
50
51
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